Análise: iPhone Xs - será que o celular que está chegando ao Brasil vale a pena?

O iPhone Xs é o novo smartphone topo de linha Apple, sendo ele a versão mais compacta com tela de 5,8 polegadas. Nessa geração a empresa também trouxe o iPhone Xs Max, com um display maior. Mantendo um ciclo da empresa, os modelo “s” não alteram de forma marcante o design do aparelho, dedicando essa geração de produtos a melhorar os componentes. A grande novidade é a introdução da tecnologia de 7 nanômetros no chip que equipa esses smartphones.

Especificações técnicas

Análise em vídeo

Design

O iPhone Xs mantém as evoluções introduzidas no iPhone X. Apesar de ser um aparelho de 5,8 polegadas, as bordas foram muito reduzidas, então o smartphone não é grande, nem difícil de ser manejado. 

O design é bem integrado, a exceção segue sendo a dupla de câmeras na traseira, que continua bem exposta. A Apple protege a lente com um vidro reforçado, então é menos provável que a lente seja riscada.

A principal característica desse modelo ainda é o notch, entalhe, franjinha…. bem, já tem vários apelidos o pedacinho da tela perdido, para comportar a câmera frontal, a caixa de som e um conjunto de sensores necessários para o  reconhecimento facial. Na minha opinião tenho gostado mais da versatilidade dos modelos Android que trazem opções de mostrar ou ocultar esse detalhe da tela. O iPhone “abraça” o entalhe, e não tem outro caminho.

O áudio é projetado pela caixa de som na parte de baixo e também pela caixinha para ligações, o que entrega dois canais de som e também evita que o áudio seja bloqueado quando você segura o aparelho na horizontal para assistir vídeos ou jogar. O som tem uma qualidade apenas aceitável, como acontece em celulares, mesmo nesses mais caros.

O iPhone Xs mantém compatibilidade com o carregamento por indução e subiu a certificação da resistência à água de IP67 para IP68. Isso quer dizer que ele aguenta um tempo submerso, mas na prática serve para trazer a tranquilidade que mesmo derrubando na água ou pegando uma chuva, ele não vai sofrer nenhum dano. O que ficou faltando foi a conexão P2, que já foi abolida no antecessor, e também tem o contra de usar uma conexão proprietária, a Lightining, para carregamento e troca de dados.

Câmera

A Apple é uma das maiores referências quando o assunto é fotografia em celulares, e o iPhone Xs traz um conjunto de tecnologias para manter essa posição. Na essência é o mesmo conjunto do iPhone X: duas câmeras traseiras de 12MP, sendo uma grande-angular e outra com zoom de 2x. A câmera frontal conta com 8MP e abertura grande para a luz de f/2.2.

Os resultados são bastante impressionantes. Um dos destaques é a responsividade da câmera, batendo as fotos de forma praticamente instantânea, mesmo usando recursos avançados como HDR, ou desfoque de fundo. Falando em efeitos, o iPhone consegue usar o conjunto de câmeras para criar efeitos de luz e até escurecer o fundo da cena, dando realce a apenas a pessoa na foto.

Comparado com outras empresas, a Apple tem uma abordagem bastante equilibrada nas fotos, não saturando em excesso as cores ou exagerando nos contrastes, algo que vai agradar quem quer uma foto mais realista. 

Na parte de vídeos, o iPhone coloca em ação o sistema de estabilidade que garante boas imagens, mesmo que o usuário caminhe ou se mova durante a gravação. 

Estabilização óptica do iPhone Xs em ação e amostra do zoom em 2x pic.twitter.com/P0WUe4Y6qS

— Diego Kerber (@kerberdiego) October 22, 2018

Performance

A principal novidade do iPhone Xs é a introdução de um novo processador, o A12 Bionic, equipado com a mais moderna tecnologia de 7 nanômetros. Ele possui seis núcleos de processamento e quatro núcleos de processamento gráfico, além de tecnologias como redes neurais, um recurso importante para o reconhecimento facial do usuário.

O novo processador entrega exatamente o que esperamos de um produto desse segmento de preço. O iPhone Xs e Xs Max chegaram batendo recordes de performance, cravando pontuações impressionantes em testes de desempenho. Na prática, a experiência com o chip é impecável, com responsividades imediatas na abertura e alternância entre múltiplos programas e até mesmo funções avançadas, como os pós-processamentos mais complexos na câmera, que são feitos em poucos instantes.

O iPhone Xs, bem como o Xs e Xr, todos equipados com o A12 Bionic, são uma das melhores opções do mercado para o consumidor que quer performance extrema, seja entregando respostas imediatas para as aplicações do dia-a-dia ou rodando aplicativos muito pesados, como games, edição de fotos, realidade virtual ou aumentada, tudo no celular, e da forma mais eficiente possível.

Autonomia

Além de desempenho, as novas tecnologias de litografia também abrem possibilidade de ganhos de eficiência energética, e o iPhone Xs entregou uma ótima autonomia em nossos testes. Ele segurou um dia completo, entregando confortáveis 30% de carga restante. Em uso mais intenso, com tela e games, ainda assim ele conseguiu chegar ao fim do dia com pouco menos de 10% restante, ou seja, sobreviveu mesmo com utilização intensa.

Aqui é importante destacar que o aparelho suporta carregamento rápido, porém o carregador não está incluído na caixa do produto. Isso é de uma mesquinharia totalmente incompatível com o preço cobrado por esse produto, e com todos os rivais do segmento topo de linha e vários aparelhos intermediários (que custam uma fração do cobrado aqui) e trazem esse acessório. Para usar com o iPhone, será preciso comprar em separado. 

Tirar o adaptador P2 e não trazer um carregador rápido são de uma mesquinharia que não combina com o preço cobrado

Usando o que veio na caixa, conseguimos recuperar 20% da bateria em 30 minutos de carga, um resultada pífio ao lado dos carregadores de aparelhos como o Note9, que nesse mesmo período carregou 40% de uma bateria muito maior. Esse ritmo, inclusive, é parecido com o de carregadores por indução, que (normalmente) são menos eficientes que os carregados através de cabos.

Adicionais

O iPhone Xs mantém as principais características do iPhone X, sendo o grande destaque a saída da leitura da digital como a forma de reconhecimento do dono do aparelho e a introdução do reconhecimento facial avançado. Mais do que reconhecer através de uma imagem da câmera frontal, o iPhone faz um desenho tridimensional através de seus sensores, o que torna muito difícil enganá-lo com uma foto.

A responsividade é o grande destaque desse aparelho. Basta movê-lo ou tirá-lo do bolso para que a tela seja acesa e já passe a tentar fazer o reconhecimento. O processo é praticamente instantâneo todas as vezes, com raras exceções. Deixar a mão apoiando o queixo (gesto que eu faço muito e só descobri testando iPhones) pode atrapalhar o processo. Interessante que nem acessórios como bonés ou óculos de sol impedem o celular de identificar a pessoa.

O tradicional botão na parte frontal também “dançou”, e no lugar movimentos de deslizar da base da tela fazem as vezes de botão home, multitarefa e alternar entre apps, dependendo da direção do movimento. Após a adaptação inicial, a experiência é muito fluida e eficiente.

Falando do sistema, o iOS tem uma filosofia bem mais restrita que o Android, com a Apple fechando bem mais o ecossistema do que a Google. Se por um lado isso restringe algumas possibilidades que existem nos modelos Android, em contrapartida o iOS apresenta uma experiência muito mais coesa e direta. 

Um dos destaques da versão mais recente do sistema é que a Apple integrou um monitor de atividade, buscando trazer relatórios sobre quais aplicativos são mais usados e também quais exibem mais notificações. Isso faz parte de um esforço da empresa em ajudar o consumidor a controlar seu uso do aparelho, ajudando a entender onde ele está gastando mais tempo no seu telefone. 

Outros recursos foram mantidos, como o pagamento através do Apple Pay, algo que consegui usar durante o período de testes em alguns estabelecimentos que já sabem usar o NFC. Nesse aspecto, o Samsung Pay ainda está em vantagem, já que opera tanto via NFC quanto MST, aumentando muito o número de máquinas compatíveis, o pagamento da Apple já tem alguns lugares em que pode ser usado, mas é bom ficar de olho que não são todos. Também é preciso ver se o seu cartão e seu banco são compatíveis. Você pode conferir a lista completa de requerimentos aqui.

Conclusão

O iPhone Xs mantém a Apple como uma referência para a indústria de celulares. O aparelho gabarita todas as características que esperamos de um produto topo de linha, com belíssimo design, performance imbatível, bela tela, câmera eficiente e todas as tecnologias que se pode exigir de um aparelho com um preço tão absurdo, como é o caso do iPhone.

{notas}

Considerando o preço, não tem como deixar passar as economias que a Apple fez na caixa do produto. Um é deixar de fora um adaptador para P2, para os usuários que possuem fone com fio que use esse padrão. Não deixa de transparecer uma certa arrogância da empresa retirar um padrão amplamente usado e acreditar que em uma geração todo mundo necessariamente precisa ter migrado, e algo que poderia ser ao menos amenizado com um singelo adaptador como foi feito no iPhone X.

Outra coisa que é inconcebível é trazer suporte ao carregamento rápido, mas não incluir um carregador compatível na caixa. Nenhuma outra empresa tem a coragem de fazer algo tão sem noção em seu aparelho topo de linha, e você vai encontrar muito aparelho intermediário com um carregador mais eficiente que esse que vem com o iPhone Xs. O próximo passo é esperar o dia que não virá nem sequer um carregador na caixa, e o usuário que deve se resolver com carregamento por indução ou comprar um carregador em separado (e nem estou brincando, acho que pode acontecer mesmo).

O preço é elevado, mas também é um dos melhores celulares que podem ser adquiridos

O custo elevado do iPhone torna impossível recomendá-lo em qualquer perspectiva de relação entre custo e benefício, já que o seu valor paga facilmente dois ou até três excelentes aparelhos Android, ou mesmo dois iPhones 8, por exemplo. Mas se você não se importa com o preço e quer a melhor experiência possível com um celular, o iPhone Xs é uma opção que deve ser cogitada.