Análise: Xiaomi Mi A2 Lite - opção econômica do A2 pode não ser a melhor escolha

O Xiaomi Mi A2 Lite é uma versão mais acessível do Mi A2 padrão, trazendo uma versão um pouco menor da mesma tela e um processador menos rápido, mas ainda da mesma série Snapdragon 600. Ele vem com Android puro e é vendido por um preço bastante competitivo que faria dele uma ótima recomendação para quem procura um aparelho básico e confiável, se não fossem os problemas do smartphone.

Xiaomi Mi A2 Lite = US$159,99
Snapdragon 625, 3GB RAM + 32GB ROM

Xiaomi Mi A2 Lite = US$179,99
Snapdragon 625, 4GB RAM + 64GB ROM

Design e Tela

O Mi A2 Lite tem uma ótima qualidade de construção. Seu corpo em metal liso parece resistente e durável e, na cor preta que recebemos aqui, o aparelho fica bem discreto. Ele adota a mesma câmera dupla na vertical e notch que tantos outros smartphones têm seguido desde o lançamento do iPhone X, mas pelo menos o notch é bem pequeno e o conjunto de câmeras é quase todo bem colocado dentro do corpo do smartphone. Ainda temos uma leve protuberância, mas é completamente ignorável, não atrapalhando na estética nem no apoio do Mi A2 Lite na mesa.

O aparelho conta com um sensor de digitais que fica na parte de trás dele, que é meu posicionamento preferido para este sensor por causa do uso do smartphone na mão. Há quem prefira, no entanto, o sensor na frente, para facilitar o destravamento quando o aparelho está apoiado na mesa, então é válido mencionar isso.

O display do A2 Lite não é dos mais impressionantes. Com tecnologia de iluminação LCD e resolução FullHD, a tela do smartphone é apenas satisfatória. As cores são um tanto lavadas, não chamam a atenção, e o poder de brilho é bom, mas fica só na média. 

Performance

A performance do Mi A2 Lite é o que se espera de um aparelho dentro de sua faixa de preço. Não impressiona, mas não chega a decepcionar. O sistema, que é um Android puro que vamos comentar melhor mais tarde, roda com certa tranquilidade e abre a maioria dos apps sem demora. Abrir muitos apps ao mesmo tempo começa a pesar no aparelho, mas nada fora do normal.

Como sempre, um teste que se tornou um padrão por aqui é ver com que dificuldade o aparelho roda PUBG, um dos principais jogos do momento e um tanto pesado, o que faz dele uma boa pedida pra ver as capacidades de performance de um smartphone. No caso do Mi A2 Lite, o jogo logo sugere para deixar a qualidade gráfica no “baixo” e essa é uma recomendação válida, já que subir a qualidade pro “médio” aumenta o número de pequenas travadas que já acontecem até com os gráficos no mínimo.

Outros aplicativos rodam melhor, com alguns jogos em 3D mais leves que PUBG funcionando sem problemas, mas a experiência não chega a ser perfeita. Em alguns casos acontecem travamentos ou a tela fica toda preta ao tentar abrir um app e é necessário fechá-lo e abrir de novo. Problemas pequenos que raramente acontecem e não chegam a atrapalhar muito, mas com o tempo se tornam um incômodo.

Autonomia

A autonomia certamente é o grande destaque do Mi A2 Lite. O aparelho pode chegar a até 3 dias longe da tomada com um uso leve. Mesmo um uso bastante intenso dificilmente vai dar algum susto ou fazer que ele precise ser carregado antes do fim do dia. Uma usabilidade normal, do cotidiano, dá uma média de dois dias de autonomia para o aparelho, o que é muito bom e um tanto acima do comum para a maioria dos smartphones.

Toda essa autonomia é impulsionada por uma bateria de 4.000mAh, uma ótima capacidade e um número bem acima da média, ainda mais num aparelho deste tamanho. Seria interessante, então, que ele carregasse um pouco mais rápido. São necessárias aproximadamente duas horas na tomada para uma carga completa da bateria.

Câmera

O Mi A2 Lite tem uma câmera competente que tira fotos satisfatórias para o segmento em que o aparelho está, principalmente o conjunto principal, de câmeras duplas traseiras. Algumas das imagens são até bem melhores do que o esperado, saindo bonitas, com um ótimo balanço de cores e luminosidade. O pós-processamento é bem-feito, mantendo uma boa riqueza de detalhes. Como na maioria das fotos tiradas com smartphones, qualquer zoom na imagem começa a mostrar granulação, mas é menos do que em muitos outros casos e fiquei bem contente com as câmeras principais do Mi A2 Lite.

Para fotos no escuro, o Mi A2 Lite conta com um muito bem-vindo HDR automático e flash competente. É interessante notar que nesse caso, no entanto, o processo automático do smartphone não é dos melhores. Note como o logo do Adrenaline (originalmente vermelho) ficou laranja na foto:

Mas o smartphone conta com configurações manuais, algo que vai agradar os entusiastas de fotos e que certamente ajuda a tirar as fotos do seu jeito. Uma simples configuração do ISO já corrigiu a logo do Adrena na mesma situação de luminosidade:

Já o vídeo não conta com tantas configurações. Ele filma no máximo em FullHD e pode fazer vídeos em câmera lenta e time-lapse, e é só isso. A estabilização de imagem, no entanto, importantíssimo recurso para filmagens amadoras, funciona bem e ajuda a acompanhar movimentos rápidos sem distorcer demais a imagem.

Para concluir, a câmera frontal também entrega um bom funcionamento, com fotos satisfatórias. Ele vem também com recursos de “embelezamento”, que tentam esconder marcas da pele, afinar o rosto e, às vezes, até clarear a pessoa, porque para fabricantes de smartphones, especialmente as chinesas, ser bonito é ficar parecendo um boneco de cera.

E mais uma vez temos um smartphone que tenta fazer aquele efeito de desfoque do fundo nas selfies usando a IA em apenas uma câmera em vez de uma câmera dupla e o resultado não é dos melhores. Pra esse tipo de efeito o mais indicado continua sendo o conjunto de câmeras traseiras.

Recursos e Extras

Este não é um smartphone recheado de recursos próprios ou tecnologias extras, já que o Mi A2 Lite é um smartphone Android One. Toda a proposta da plataforma é trazer uma experiência “Android Puro”, o que tem vantagens e desvantagens, como tudo na vida.

Com o Android sem muitas customizações temos um sistema leve e prático, “direto ao ponto”. O aparelho só vem com os apps do Google instalados e traz uma facilidade extra pra galera da importação, já que o comprador não precisa se preocupar com qual versão do sistema o smartphone está vindo, se é a ROM global, a ROM chinesa, etc. Só tem ROM global e pronto.

Isso é interessante para tornar o aparelho leve e bastante customizável. Não há bloatware ou apps indesejáveis, deixando pro usuário a opção de baixar o que quiser e deixar o aparelho do seu jeito. Mas, por outro lado, usuários que estão mais acostumados a só pegar o smartphone e sair mexendo podem sentir falta de algumas configurações e apps extras, ainda mais quem é fã da Xiaomi que muda bastante o sistema com a MIUI e aplicativos próprios.

Na parte de recursos, como sempre, cabe falar do sensor de impressões digitais, que no Mi A2 Lite me decepcionou um pouco. O sensor demora um pouco pra fazer a leitura e destravar o aparelho e às vezes nem detecta a digital corretamente. Claro que “demora um pouco” não quer dizer que vai levar dez segundos pro aparelho destravar, mas demora mais que a média de outros smartphones com a tecnologia, que evoluiu bastante ao longo dos anos. 

O Mi A2 Lite, como muitos smartphones Xiaomi, também não acompanha fones de ouvido na caixa. Mas para o caso deste aparelho acho mais perdoável, já que ele mira no segmento econômico.

Conclusão

O Mi A2 Lite não é um aparelho ruim, mas é difícil dizer que ele compensa a economia, muito menos uma importação. O aparelho conta com uma boa câmera e excelente autonomia, mas outros aspectos de sua usabilidade decepcionam. O aparelho tem uma performance satisfatória para seu segmento, mas o sensor de digitais é lento e telas pretas ocasionais (mesmo que raras) ficam frustrantes ao longo do tempo.

{notas}

Como costuma ser com aparelhos importados, o A2 Lite se sai melhor em especificações técnicas do que seus concorrentes do mesmo preço, mas quando comparamos ele com o A2 padrão, fica difícil justificar sua compra. O A2 é, basicamente, uma versão mais “parruda” dele, que dá pra conseguir por pouco mais de R$ 200 de diferença (no caso do modelo de 3GB que recebemos aqui). É um valor considerável num universo abaixo dos R$ 1.000, mas compensa o investimento e dificulta a recomendação do A2 Lite. A única grande vantagem dele em relação ao A2, fora o preço, é sua autonomia, que é melhor do que de muitos aparelhos, na verdade. Se tudo que você procura é um aparelho barato que fica bastante tempo longe da tomada e serve pra tirar algumas fotos de vez em quando, aí o A2 Lite pode ser uma boa opção.

Xiaomi Mi A2 Lite = US$159,99
Snapdragon 625, 3GB RAM + 32GB ROM

Xiaomi Mi A2 Lite = US$179,99
Snapdragon 625, 4GB RAM + 64GB ROM