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Vestível

AMAZFIT GTR: um BELO RELÓGIO INTELIGENTE, mas no fim UMA GRANDE DECEPÇÃO

Vestível tem um excelente design, mas GPS incompetente põe tudo a perder

26/12/2019 15:07 Update 02/01/2020 14:43 0

[+update]: Após o lançamento da análise, recebemos uma atualização que modificou alguns aspectos do produto.  O primeiro é que agora ele tem suporte ao português brasileiro nas interfaces do próprio relógio, além do aplicativo. O GPS melhorou um pouco… mas não o suficiente para ser considerado eficiente, como podem ver nas screenshots abaixo.

[+texto original]: O Amazfit GTR é um relógio inteligente com função fitness que tem como principal destaque seu design bastante atraente e que lembra muito um relógio tradicional. A Amazfit/Huami é uma empresa especializada em vestíveis, sendo a provedora de tecnologias nessa área para a Xiaomi e bastante envolvida em produtos populares como a Mi Band.

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Especificações principais

– Display de 1,39”, resolução 454×454, AMOLED 
– Conectividade Bluetooth 5.0
– Bateria de 410 mAh com até 24 dias de autonomia 
– 5 ATM de resistência
– Sensor de batimentos, 6 eixos, acelerômetro, magnético, pressão de ar e luz ambiente
– GPS e GLONASS
– 62 gramas

Análise em vídeo

Design

Se há um ponto alto para o Amazfit GTR, é com certeza o visual. O smartwatch tem design de um relógio de ótima qualidade, não parecendo aquelas coisas muito futuristas ou claramente vestíveis inteligentes, como acontece com vários modelos. Dá para confundir o GTR com um relógio tradicional, sem nenhuma dúvida.

O relógio possui um formato arredondado com bordas não muito largas em torno do display, com um corpo metálico com um belo acabamento fosco. A pulseira que veio em nosso kit é feita em borracha no interior e uma imitação de couro na parte externa que trazem um bonito visual. 

O display é outro ponto alto do produto, com uma tela AMOLED com boa resolução. O nível de brilho é suficiente para lidar mesmo em situações de alta claridade, só não superando a solução de tela reflexiva da Amazfit Stratos 2, que graças à tecnologia usada era muito visível mesmo sob o sol “a pino”. É claro que em contrapartida ela não tinha cores e contrastes tão vívidos como os do AMOLED da GTR.

Além da tela sensível a toques, é possível navegar através de um conjunto de botões físicos, com um atuando como o retornar e outro que traz para a tela inicial. Além de bem integrados, os botões têm funções importantes na usabilidade, já que diferente da toucscreen, continuam operando mesmo molhados.

Nós testamos a versão maior, a de 47mm, sendo que há uma versão mais compacta de 42mm que reduz o display para 1,2 polegadas e ganha um display “always-on”, ou seja, sempre ligado, mas tem a autonomia reduzida para 12 dias.

Funcionalidades

A Amazfit GTR faz a combinação de funcionalidades que vêm equipando esses relógios e vestíveis fitness. Ele possui um conjunto de sensores capaz de forma automatizada medir atividade física do usuário, tempo e qualidade do sono e também interações com o smarpthone, como exibir notificações e chamadas.

De forma automática o relógio consegue contar passos, horas dormidas e qualidade do sono. Se o usuário quer um relatório mais detalhado, pode acionar manualmente o monitoramento de atividade física, onde entram em ação os sensores e o GPS para gravar em detalhes o exercício. Ou… deveriam.

A GTR usa seus vários sensores para medir a atividade do usuário como passos, horas dormidas e relatórios completos de exercícios como corridas. Ou ao menos, é o que ela afirma que faz

Aqui a GTR “escorrega na banana”. A pulseira falhou miseravelmente em múltiplas tentativas de usar o GPS. O aparelho simplesmente não consegui achar sinal, e o resultado é um exercício medido apenas pelo acelerômetro, com estimativas imprecisas de velocidade, deslocamento e sem o mapa de de movimentação. As múltiplas tentativas geraram gráficos como os abaixo: em raros momentos funciona, mas o mais comum são resultados risíveis.

Verificando na internet sobre o produto, dá pra ver que não é um caso isolado. A Amazfit GTR é bastante criticada por vários usuários alegando dificuldades em usar o GPS. Também é por lá que dá pra descobrir um jeitinho de fazer funcionar: tirar do pulso, deixar em algum lugar sem obstrução para localização do satélite e aí começar o exercício. A solução (péssima) até funciona, mas depois dessa solução “tragicômica”, a precisão continua sendo baixa e erra partes dos deslocamentos. 

Isso faz com que o GTR falhe em uma de suas funções principais, que é ser um companheiro para atividades físicas. Um dos pontos principais de investir em um gadget como esse é ter os batimentos cardíacos de sua atividade física e gerar relatório interessantes, como o mapa do deslocamento e os tempos em uma corrida, de preferência dispensando o celular para fazer isso. Esse gadget falha duas vezes, primeiro por seu GPS incompetente, depois por não possuir memória interna para músicas, então você vai depender de outro aparelho para isso.

Autonomia e performance

A promessa de 24 dias de autonomia em um relógio inteligente é algo ousado, mas a GTR definitivamente entrega. Em nossos testes, ela segurou 20 dias com o uso de todas as tecnologias possíveis de habilitar e mais algumas eventuais corridas com o GPS disfuncional do aparelho. Depois de umas 7 ou 8 tentativas, acabamos desistindo de usar esse recurso. Bom lembrar novamente que esses são os resultados da versão 47mm que testamos, e o modelo com 42mm tem tela sempre acesa, uma bateria menor e portanto uma autonomia estimada reduzida para 12 dias.

Com isso dá para largar o carregador da GTR em uma gaveta e você corre o risco de esquecer onde ela está até precisar de novo. Esse é sem dúvidas um dos melhores vestíveis para quem quer um relógio inteligente e não quer ficar carregando com frequência.

No desempenho, o GTR não decepciona. Ele não tem a fluidez dos smartwatches mais caros e com hardware mais poderoso, mas a navegação por suas interfaces transcorre sem dificuldades. Em geral, é difícil ver ele não reagindo a algum comando, ou alguma tela ficando travada.

Conclusão

A Amazfit GTR tem muitos acertos. O design ficou belíssimo e não fica devendo nada para bons relógios, a bateria de maior porte não comprometeu o tamanho do vestível e ao mesmo tempo deu a ele uma autonomia imbatível, enquanto as funcionalidades estão todas ali… quase.

 

 

{notas}

No restante, ele tem suas limitações inerentes de um relógio inteligente de baixo custo. Isso quer dizer que saem funções que modelos mais caros incluem como comandos por voz, instalação de aplicativos adicionais, não tem memória interna para armazenar músicas nem conectividade com a rede móvel. Mas como se trata de um modelo mais acessível, tudo isso é permissível.

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Considerando o foco que esse tipo de aparelho tem na parte fitness, já que para muitos seu conjunto de sensores e informações coletadas de atividades físicas são uma parte relevante de suas funcionalidades, é frustrante ver o nível de ineficiência do GPS, algo tão crucial para relatório de atividades externas como corridas ou pedaladas. Ver o aparelho falhar em uma de suas funcionalidades básicas, que é o monitoramento de atividades físicas, atrapalha muito recomendar esse produto, e a própria Amazfit vai ter modelos melhores, como era o Stratos 2 que já testamos aqui, que também tem memória interna para músicas.

Se você estava de olho nos pontos fortes desse smartwatch, que são uma autonomia muito convincente, belo design, monitoramento de atividade ao longo do dia, exibição de notificações e outras funcionalidades como alarmes, tudo por um preço competitivo, a Amazfit GTR é uma recomendação fácil contanto que você não se importe de ter um GPS que tem grande chances de lhe deixar na mão e não queria ter a músicas em seu relógio para sair pra correr ou pedalar, trazendo a triste sensação que a Amazfit regrediu comparado ao que tínhamos na Stratos.

A Amazfit GTR é uma recomendação de um smartwatch com muita autonomia, belo design e baixo custo, mas que tem um GPS que pode te deixar na mão

Prós

Belíssimo visual

Muita autonomia

Exibe notificações

Rastreamento de atividades físicas e sono

Encaixe da pulseira no padrão de relógios tradicionais

Contras

GPS péssimo

Sem memória interna para músicas

Sem possibilidade de instalar mais apps

Não está disponível no Brasil