Muita gente ainda tem receio de comprar uma TV OLED pelo medo de perder seu investimento em poucos anos. Com a chegada da Samsung, trazendo a nova tecnologia QD-OLED paro mercado, os consumidores agora querem saber o que esperar das OLEDs e se as telas realmente estão mais resistentes à retenção permanente de imagem — que é, basicamente, quando algum substrato orgânico da tela OLED se desgasta, marcando a tela de forma permanente. O famoso burn-in.
Então quer dizer que o burn-in ainda assusta, mas vale frisar que as chances de perder uma tela dessa forma são, atualmente, bem menores que há alguns anos atrás. Os painéis estão mais eficientes, trazendo tecnologias e algoritmos para prevenir a retenção de imagem, enquanto entregam mais brilho, cores mais fiéis e aquele preto real e profundo que faz com que as OLEDs sejam sonho de consumo de muita gente que procura o melhor tipo de painel combinado a um custo que “cabe no bolso”.
OLED vs QD-OLED no burn-in
Tom Parsons, redator do What Hi*Fi — site conhecido pelas suas análises detalhadas sobre TVs, escreveu recentemente um artigo sobre a evolução da LG em relação ao pico de brilho da nova OLED Evo G3, modelo lançado no início do ano nos Estados Unidos. A matéria teve como base uma entrevista com a própria empresa, e Parsons comenta que, no meio da apresentação, o executivo Soomin Chang da LG Display entrou em cena. Pra quem não sabe, LG Display é o braço da LG que produz telas para diversas marcas; como Sony, Panasonic, HiSense e, é claro, para a própria empresa.
Executivo da LG diz que OLED da empresa tem menos chance de burn-in que as QD-OLED da Samsung
Chang então aproveitou o momento para falar ao What Hi*Fi que as telas OLED da LG sofrem bem menos de “Image Sticking” (retenção de imagem, em português) do que as telas QD-OLED produzidas pela Samsung Display.
Para sustentar essa afirmação, o executivo citou o teste de longevidade acelerada do site Rtings, o qual podemos considerar como o site que testa TVs com mais profundidade atualmente. Nesse teste, 100 TVs ficam ligadas mostrando conteúdo do canal CNN — que possui um logo e uma barra de informações na parte inferior — por uma média de 18 horas por dia, sete dias por semana, ao longo de dois anos. São, ao todo, 12.140 horas de teste. Por isso a palavra “acelerada” no nome do teste, porque ele acelera o envelhecimento da TV.
Teste de longevidade realizado em 100 modelos de TVs ligadas ao canal CNN dos Estados Unidos. Imagem: Reprodução/RTINGS
E o que os primeiros testes mostraram? Que ambos os modelos Samsung S95B e Sony A95K começaram a apresentar retenção de imagem com dois meses de teste, ou seja, com 1.080 horas de exibição do conteúdo. Traduzindo para o Brasil, é como se a tela ficasse “manchada” com pouco mais de 1.000 horas assistindo Globo News ou a CNN Brasil, que tem as mesmas barras estáticas na parte inferior da tela.
Exemplos do efeito burn-in em telas OLED, onde partes do painel ficam “manchadas” devido ao desgaste dos componentes orgânicos que compõem o display. Imagem: Reprodução/Samsung UK
Os dois modelos, S95B e A95K usam painéis QD-OLED de primeira geração, lançado pela Samsung no ano passado. Já os modelos LG C2 e G2, que usam o painel “OLED EX”, a segunda geração do painel OLED Evo, não tiveram o mesmo problema no mesmo tempo de teste.
O executivo alega dois motivos principais para que o painel da LG seja mais resistente ao burn-in: o primeiro é a troca do hidrogênio pelo deutério, um isótopo do hidrogênio que é uma partícula muito mais estável. Aliás, esse é um dos vídeos sobre TVs do canal do YouTube do Mundo Conectado que todos deveriam assistir para entender melhor como as OLEDs funcionam. O vídeo está aqui embaixo:
Já o segundo motivo paras as tela da LG serem possivelmente mais resistentes ao burn-in é o uso do sub pixel branco. A LG usa a estrutura de sub pixels WRGB que contém um sub pixel branco (W) junto ao vermelho (R), verde (G) e azul (B). Segundo o executivo da empresa, essa estrutura torna o painel da TV mais durável do que o RGB tradicional sem o branco — esses são os usados nos painéis QD-OLED.
É importante lembrar que até o ano passado (2022) a LG Display era a única fabricante de telas OLED pra TVs no mundo. Agora, há um segundo fornecedor: a Samsung Display, o braço da Samsung no segmento de telas que está “roubando” alguns dos clientes da LG Display.
Resumindo: a LG Display não fabrica TVs, ela é apenas quem produz as telas para TVs. Quem fabrica as TVs como produto final é a LG Electronics, enquanto a LG Display vende as telas para a própria marca e até mesmo para os concorrentes da LG Electronics.
Ou seja, são duas unidades de negócios totalmente distintas e separadas dentro da mesma empresa. E isso é normal. A Samsung, por exemplo, por muito tempo fabricou vários componentes para a Apple (incluindo o chip Bionic) e ainda fabrica a maior parte das telas para iPhone.
OLED vs QD-OLED em cor e brilho
Vale ressaltar que os painéis QD-OLED chegaram em 2022 e já na primeira geração impulsionaram a Sony A95K a ser reconhecida como a melhor OLED do mundo. Combinar a tecnologia de pontos quânticos com OLED — com a Sony trazendo ainda um dissipador de calor no seu modelo — gerou um resultado com cores mais intensas, sobretudo mantendo as cores mais reais mesmo nas áreas de highlight. Enquanto isso, as OLEDs da LG com WRGB costumam acompanhar o pico de brilho, mas perdem parte da informação de cor, deixando as explosões, por exemplo, mais claras e tendendo pro branco.
Ou seja, a QD-OLED teria vantagens em cores e brilho, mas desvantagem no burn-in. Claro, que vale considerar que nem o site Rtings considera seu teste perfeito. Ele acelera o envelhecimento da tela usando ela por 18 horas diárias com o conteúdo mais estático possível dentro dos canais de TV — que são os sites de notícia. Esse teste está longe de representar um uso normal da TV, como o próprio What Hi*Fi pontua em sua matéria.
Briga entre as gerações de TVs
Chegamos ao segundo ponto a ser considerado, já que essa comparação coloca a segunda geração de painéis da LG contra a primeira do QD-OLED — que eram os modelos presentes em 2022. Entretanto, a Samsung está trazendo em 2023 a segunda geração do QD-OLED, e como relatamos em primeira mão na CES desse ano, ela evoluiu muito. Confira no vídeo abaixo:
A Samsung não trouxe sua S95B pro Brasil no ano passado, muito menos a Sony trouxe a A95K — já que a marca arrumou as malas e deixou o Brasil há 2 anos. Então, mesmo que a primeira geração de QD-OLED tivesse seus problemas, eles não iriam impactar o consumidor brasileiro, já que os produtos não ficaram disponíveis no mercado nacional.
Mas e a segunda geração do QD-OLED?
A Samsung já confirmou que as TVs S90C e S95C vêm para o Brasil — ambas com a segunda geração do painel QD-OLED. Inclusive, gravamos um vídeo da S95C direto da CES. Na época, o Guilherme Campos, Gerente de Produto de TVs da Samsung, se limitou a mencionar que a Samsung não entrou antes no segmento de OLEDs porque a tecnologia ainda não estava madura o suficiente, não dando uma resposta muito direta sobre burn-in.
A QD-OLED da Samsung
Nathan Sheffield, o chefe da divisão de TV e Áudio da Samsung Europa, disse ao What Hi*Fi que os painéis QD-OLED desse ano melhoraram a eficiência. Segundo ele, os níveis de brilho aumentaram sem precisar levar a TV ao extremo em termos de energia, funcionando de forma otimizada. Dessa forma, os usuários têm a melhor qualidade de imagem já mitigando possíveis problemas de burn-in.
Em resumo, A Samsung promete mais brilho e mais eficiência energética, o que é chave pra longevidade do material orgânico presente nas telas OLED. A empresa não detalhou como ela vai atingir essa maior eficiência, mas a Samsung Display menciona em seu site o material “OLED Hyper Efficient EL“, bem como na CES onde eles falaram em “Heavy H+ OLED” — o que provavelmente se refere ao hidrogênio pesado, que é outra forma de chamar o Deutério. Ou seja, a mesma solução que a LG traz nos painéis OLED Evo.
A expectativa é que 2023 traga painéis mais brilhantes do que já vimos até agora. Picos de brilho podem chegar a casa dos 2.000 nits e ambas as fabricantes (LG e Samsung) prometem maior eficiência energética, essencial para acabar com burn-in. Só falta agora os preços caírem.
Via: What HiFi, RTings, Linus Tech Tips, LG Display, Samsung UK
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