A greve de atores e atrizes de Hollywood que acontece desde julho deste ano está mais próxima do fim, mas os acordos entre a classe trabalhadora e os grandes estúdios ainda esbarram em um tema em particular: o uso de inteligência artificial (IA) no cinema e em séries de TV ou streaming.
Os profissionais da atuação temem que o uso indiscriminado dessa tecnologia elimine postos de trabalho, além de representar uma questão ética que envolve até pessoas já falecidas.
A Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa os estúdios e plataformas de streaming, chegou a sugerir um pagamento único para que a aparência de atores e atrizes fosse escaneada e utilizada a partir de técnicas computacionais em filmes e séries.
Reutilizações desses modelos digitais usando IA não envolveriam pagamentos adicionais e até mesmo intérpretes que já morreram teriam os direitos de imagem na mão dos estúdios — que poderiam “reviver” personagens de atores e atrizes sem precisar de qualquer tipo de autorização da família, por exemplo.
Greve perto do fim?
De acordo com a Variety, os estúdios “concordaram em ajustar a linguagem” dos contratos nos tópicos sobre IA, o que pode levar a paralisação a um desfecho favorável aos grevistas.
O ponto sobre utilização da imagem de pessoas já falecidas sem autorização seria um dos temas do novo acordo, mas detalhes dessas conversas ainda não foram reveladas.
Representantes do sindicato que lidera as negociações, o SAG-AFTRA, voltam à mesa de negociações com os estúdios nesta quarta-feira (8).
Outros tópicos da paralisação incluem melhores condições de trabalho e reajustes salariais, em especial para categorias de figurantes, coadjuvantes e profissionais de menor prestígio na indústria.
A greve dos roteiristas, que também envolveu debates sobre chatbots na escrita de diálogos e personagens, terminou em setembro depois de cerca de 90 dias de protestos com uma série de garantias que envolvem limitações e regulamentação do setor de IA.
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