A empresa de espaços de coworking WeWork, que já foi uma das mais promissoras do mercado de startups de tecnologia, entrou em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.
A declaração de situação de quase falência foi oficializada nesta segunda-feira (6), de acordo com a Reuters. A partir de agora, ela vai seguir o chamado Capítulo 11 da legislação americana para tentar renegociar dívidas e não fechar as portas.
A WeWork funciona basicamente a partir de um esquema de aluguel de espaços para coworking, mas terá que renegociar vários dos contratos de aluguel dos prédios que atualmente mantêm, em especial em cidades caras dos Estados Unidos.
Segundo o comunicado oficial, a declaração de falência foi aprovada por 92% das pessoas e empresas com quem a WeWork está em dívida. O plano de reestruturação pode ajudar a eliminar US$ 3 bilhões desse cálculo, mas ainda não é garantia de que ela continuará operando normalmente porque a dívida completa chega a US$ 18,6 bilhões.
A recuperação judicial só deve afetar as operações da WeWork nos Estados Unidos e no Canadá, sem modificar a estrutura já existente na América Latina — inclusive no Brasil, onde a marca já opera há alguns anos.
O SoftBank, fundo japonês de investimentos que detém 60% do WeWork e já injetou uma verba considerável na companhia, vai permanecer com o controle majoritário da marca por enquanto. Ele considera a recuperação judicial como a “ação apropriada” para se reestruturar.
De startup mais valiosa até a falência
Cofundada por Adam Neumann em 2010, a WeWork passou de uma das startups mais quentes do mercado a um caso sobre como não confiar em empreendedores confiantes e ideias que parecem boas demais para serem verdade.
Neumann conseguiu convencer investidores de todos os segmentos de que a sua companhia de aluguel de espaços para trabalho era uma empresa de tecnologia, conquistando espaço em um mercado competitivo e revolucionando o segmento.
Nesse período de auge, a avaliação de mercado da WeWork chegou a US$ 47 bilhões, transformando ela em uma das startups mais poderosas do planeta por algum tempo.
Ao iniciar a oferta pública de ações (IPO) e liberar documentos sobre a companhia para o mercado, entretanto, o negócio começou a desmoronar.
As finanças da companhia foram reveladas como extremamente frágeis e o modelo de negócios tornou-se rapidamente nada sustentável ou lucrativo. Neumann deixou o cargo sob pressão (e com um enorme bônus) em 2019, após várias polêmicas sobre seus investimentos pessoais dentro e o gerenciamento da companhia.
(Fonte da imagem: Reprodução/TechCrunch)
A WeWork se manteve funcionando de forma mais discreta, mas teve novos problemas no período da pandemia da covid-19 pelo fechamento de espaços, além de questões de expansão excessiva e descontrole nos gastos.
A fundação do WeWork e a gestão controversa de Neumann até já viraram uma minissérie chamada “WeCrashed”, da Apple TV+, com Jared Leto no papel do empresário e Anne Hathaway como a esposa e sócia, Rebekah.
Fonte: Reuters
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