Índice do Artigo

PLACA DIGITAL

Remote ID - Entenda o sistema de placa digital para drones

Sistema Remote ID adiciona uma "placa digital" em drones, compartilhando em tempo real informações da aeronave, voos e proprietário

17/09/2022 09:40 Update 18/09/2023 08:16 0
Remote ID
Créditos: Mundo Conectado

Remote ID entrará em vigor nos Estados Unidos no dia 16 de março de 2024, se não atrasar novamente (já foram dois adiamentos).

Mas porque o Remote ID foi criado e qual seu impacto para os pilotos de drones dos Estados Unidos e provavelmente no Brasil e outros países?

Meu drone tem suporte ao Remote ID? Nesse artigo falo como esse sistema deve virar padrão mundial em algum momento.

Dados do drone, dos voos e de quem registrou a aeronave ficam online em tempo real

O órgão americano FAA (Federal Aviation Administration), responsável pela administração do espaço aéreo no país, colocará em prática a nova legislação para drones que impacta diretamente no lançamento de novos modelos e traz algumas alterações para modelos lançados antes do sistema entrar em vigor.

Para voar dentro da lei nos Estados Unidos, todo novo drone lançado deverá trazer suporte ao UAS Remote ID (Remote Identification).

Na prática, o Remote ID funciona como uma “placa digital online” que compartilha remotamente informações de registro do drone, dados dos voos (do momento que decola até quando é desligado) e do proprietário do drone que tem o registro da aeronave.

Os dados serão disponibilizados online e em tempo real, sendo assim será possível saber se tem algum drone voando em uma área específica desejada a qualquer momento.


Porque o Remote ID foi criado?

Já faz algum tempo que os órgãos de controle do espaço aéreo do mundo inteiro buscam uma solução de maior controle de drones, segmento que tem crescido rapidamente com uma infinidade de aeronaves de diferentes formatos, tamanhos, marcas e finalidades de uso.

Os Estados Unidos estão na “dianteira” do Remote ID e é lá onde tudo começou, muito pela pressão de órgãos de segurança e pela própria população com a popularização dos drones. A FAA (Federal Aviation Administration), responsável pela administração do espaço aéreo no país, ficou a cargo das definições do Remote ID e de todo o processo do novo sistema.

Assim como em qualquer tipo de produto que envolve uso em situações de risco, é natural que a legislação sofra atualizações e modificações para ficar de acordo com o cenário atual e futuro. Assim surgiu o Remote ID, um sistema de gerenciamento que fornece informações de identificação e localização do drone e seu proprietário.

Agências de controle e órgãos de segurança podem acessar em tempo real dados completos do drone, do voo e também do piloto (que registrou o drone).

Site oficial do Remote ID (em inglês)

O Remote ID demorou vários anos para ter suas regras definidas pela FAA, incluindo participação pública. Depois de uma análise dos responsáveis pelas considerações que foram enviadas do mundo inteiro, chegou ao modelo utilizado. Recomendamos conferir o site oficial para informações completas sobre a nova legislação.

Não vamos entrar a fundo sobre toda a nova legislação do Remote ID, bem ampla e com características apenas para os EUA. Como era de se esperar pela mudança grande que o sistema requer, o Remote ID recebeu muitas criticas, especialmente por parte dos usuários e da necessidade de fornecer os dados do drone e piloto em tempo real.

Mas é importante ressaltar que muitos usuários voam com drones em áreas de risco como próximos de aeroportos, além utilizar drones para finalidades ilegais como em casos de transporte de objetos para prisões, logo um sistema mais eficiente é importante para maior segurança.

Outro ponto que tem se mostrado preocupante quando falamos de drones, é o uso de modelos para consumidores em locais de guerra. Publicamos algumas notícias de drones modificados para soltar bombas na guerra entre Rússia e Ucrânia.


Quantidade de drones registrados nos EUA e no Brasil

Para entender porque a legislação de drones precisa ser atualizada não apenas nos EUA, mas no Brasil e em qualquer outro país, é importante saber a quantidade de drones e pilotos registrados ao redor do mundo. O site da FAA lista dados de registros nos Estados Unidos, e a ANAC faz libera as mesmas informações no Brasil, listadas abaixo:

Número de drones nos Estados Unidos (dados do site da FAA em setembro de 2022):

Número de drones e pilotos registrados no Brasil (Atualizado em 02/05/2022)

OBS.: A Anac não atualizou mais esses dados como podem ver nesse link.


Quanto o Remote ID entra em vigor?

Inicialmente o Remote ID entraria em vigor no dia 16 de dezembro de 2022 nos Estados Unidos. Como não seria viável implementar na data inicial programada, alteraram o lançamento para dia 16 de setembro, mas outro adiamento definiu a nova data para 16 de março de 2024.

Como acontece com uma série de outras certificações e definições, após a implementação nos EUA provavelmente vários outros países devem usar o mesmo sistema em suas novas legislações.

Nos EUA o Remote ID deve entrar em vigor no dia 16 de março de 2024

Quem não tiver seu drone devidamente registrado poderá receber multa de até US$27.500 de acordo com a legislação americana.


O Remote ID será aplicado em que situações?

Fica mais fácil destacar o que fica de fora de aplicação do Remote ID, novamente, por enquanto válido apenas nos Estados Unidos. Nas situações abaixo o drone não precisa trazer os requisitos do novo sistema:

– Drones pesando abaixo de 250 gramas (ex.: DJI Mini SE, Mini 2, Mini 3 Pro, Autel EVO Nano Series, FIMI X8 Mini, Hubsan Zino Mini) utilizados em voos recreativos, não precisam se preocupar com as mudanças da legislação.

– Nos EUA, quem pilotar um drone em uma área de identificação reconhecida (como clubes de aeromodelismo), também podem voar normalmente sem que o drone tenha os requisitos do Remote ID.


Drone e apps devem ter suporte a tecnologia

Todo novo drone pensando acima de 250 gramas lançado a partir do dia 16 de dezembro de 2022 deverá trazer suporte ao Remote ID nativamente. Confira regras para modelos de drones nesse link.

E se o drone for lançado antes e não tiver Remote ID?

O fabricante terá que adicionar suporte através de algum módulo ou mesmo software. Drones que não trazem suporte nativo para a tecnologia ADS-B precisam do módulo, já modelos como um Mavic 2 ou Mavic Air 2 que não tem suporte a ADS-B, precisam de solução via software.

Em setembro de 2022 a DJI já possuía 7 modelos certificados para o Remote ID.

DJI já tem 7 drones compatíveis com o Remote ID – Veja modelos

Entre os modelos que trazem módulo ADS-B integrado ou sistema via software: DJI Mini 3, Air 2S, Air 3, Mavic 3, FPV Drone e Avata.

– Avata [vídeos de lançamento]
– Mini 3 Pro [análise em vídeo]
– Air 2S [análise em vídeo]
– Mavic 3 e Mavic 3 Cine  [análise em vídeo]

Alguns modelos que não trazem suporte via hardware: Mavic 2 Pro, Mavic 2 Zoom, Mavic Air 2, Autel EVO II, Autel EVO II Pro, Autel EVO Lite, FIMI X8SE 2020, Skydio 2 / 2+ entre vários outros.

A DJI está muito a frente quando se trata do suporte ao Remote ID por já ter alguns modelos com ADS-B. Mas para modelos antigos, apenas um módulo externo acoplado ao drone resolverá o problema.

Já outras empresas, mesmo a Autel Robotics em seus recentes lançamentos de 2022, não trazem esse tipo de tecnologia. Isso pode ser um problema principalmente porque o mercado americano é um dos maiores do mundo em consumo, ter produtos fora dele não é algo interessante.

Aplicativo mostra onde pode e não voar por hobby nos EUA

A FAA em parceria com a Aloft lançou o aplicativo B4UFLY compatível com Android, iOS e também com uma versão online via navegador. Esse “sistema” mostra para o usuário onde é possível voar por hobby sem problemas com a nova legislação. Vale destacar que o DJI Fly terá atualizações visando compatibilidade com o Remote ID.


Quais informações serão transmitidas pelo Remote ID?

Utilizando um drone com tecnologia Remote ID ou através de um módulo de transmissão compatível, os dados serão enviados desde o processo de decolagem até o momento que o drone é desligado. Abaixo os dados que serão transmitidos de acordo com a FAA:

– Identificação exclusiva do drone;
– Latitude, longitude, altitude e velocidade do drone;
– Indicação da latitude, longitude e altitude do controle (piloto) ou local de decolagem (módulo de transmissão);
– Tempo de voo;
– Status de emergência (apenas do drone)


O que acontece com drones sem suporte ao Remote ID?

Drones sem suporte ao Remote ID se tornarão ilegais para voo em algumas áreas nos países que adorarem o sistema em sua legislação, com diferentes cenários de datas de validade.

É importante deixar claro existem diferentes “regras” para cada país, ou seja, independente de vários países adotarem o Remote ID, cada um tem sua própria legislação, são coisas distintas.

O Remote ID é um sistema de localização e informação online dos drones, já a legislação para voar consiste nas regras de voo adotada pela lei de cada país, sendo o Remote ID uma dessas regras ou não.

Nos EUA quem não tiver um drone com Remote ID quando ele estiver funcional, será multado.

Nos EUA será obrigatório, e a tendência é que vire um padrão mundial muito em breve já que os Estados Unidos é um dos principais consumidores do mundo e naturalmente as principais fabricantes devem implementar o suporte a essa nova “tecnologia” que acaba que sendo de uso de outros países.

Os modelos sem suporte precisam de um módulo externo que garanta a compatibilidade, porém a FAA já mudou a data obrigatória para drone sem suporte trazerem esse modulo por algumas vezes. A data mais atual é março de 2024.


Não existe previsão do Remote ID virar obrigatório no Brasil, mas…

Como comentamos acima, os Estados Unidos definem uma série de padrões para o mundo em diversos cenários, e com drones não é diferente.

Apesar do Remote ID ser implementado inicialmente nos EUA, naturalmente esse sistema poderá virar padrão globalmente. Várias agências e órgãos de segurança terão controle de drones no espaço aéreo, o que é bom e ruim, e que preocupa muita gente.

Apesar de muitos acharem que esse tipo de sistema da poder de controle maior do que deveria para alguns setores do governo, sabemos que além de irresponsabilidades por parte de alguns pilotos, muitos utilizam drones para finalidades ilícitas. Dessa forma era necessário um método mais eficaz para evitar problemas maiores com a popularização dos drones.

Novamente reforçando, quem pilota drones abaixo de 250 gramas dentro das leis de locais permitidos, como com os modelos Mavic Mini, Mini SE, Mini 2, Mini 3 Pro, Fimi X8 Mini, Autel EVO e vários outros desse porte, não precisa se preocupar mesmo com a chegada do Remote ID, ao menos nos Estados Unidos.

Para acompanhar mais informações sobre drones, basta clicar nesse link.