Quem acompanha as notícias aqui no Mundo Conectado sabe que inúmeras fabricantes de carros e empresas de tecnologia estão testando sistemas que em poucos anos permitirão aos veículos dirigirem sem qualquer auxílio humano de maneira confiável e segura. Até chegarmos lá, porém, estamos passando por diferentes estágios de desenvolvimento.
Para facilitar o entendimento e proporcionar objetivos mais claros para a indústria, a Society of Automotive Engineers (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade, da sigla em inglês SAE) definiu 6 níveis diferentes para carros autônomos. São esses estágios de automação que nós vamos explicar aqui, além de contar em qual deles estamos e quando finalmente chegaremos no nível final.
Nível 0 – A criação do automóvel (1901 – Hoje)
Tudo bem, nesta parte aqui não tem muito segredo. Ela começa quando os automóveis surgiram. Basta ter um volante, um assento e nenhuma automação que ele entra neste estágio — não importa se for de transmissão manual ou automática. Existe um certo debate sobre quando esta invenção aconteceu, então fica a seu critério. Aqui nós vamos contar o Oldsmobile Curved Dash (imagem acima), o primeiro veículo automotivo produzido em massa na história (e que tem um volante bem diferente do normal).
Nível 1 – Carros Modernos com primeiras assistências (2007 – Hoje)
No final da década de 2000, as montadoras começaram a implementar recursos de segurança e assistência em boa parte de suas linhas de veículos. São tecnologias que dependem de câmeras e sensores e alertam o motorista sobre colisões ou sobre mudanças de faixa inesperadas.
Isso inclui o Piloto Automático Inteligente da Nissan e os Alerta de Colisão e Assistência de Frenagem da Ford. Hoje em dia, esses recursos estão sendo incluídos em carros médios e até mesmo em certos modelos compactos. Resumindo, neste estágio o carro lhe ajuda a controlar a velocidade ou a fazer leves correções na direção, nunca os dois ao mesmo tempo.
Nível 2 – Os sistemas autônomos mais avançados de agora (2014 – Hoje)
Este é o estágio que estamos no momento, ou ao menos é onde estão os sistemas mais avançados vendidos aos consumidores hoje. Isso inclui Tesla Autopilot, Cadillac Super Cruise e Volvo Pilot Assist.
A principal evolução neste nível é a de permitir que o carro controle sua velocidade, direção e posição na pista, tudo ao mesmo tempo. Apesar disso, estas opções ainda são limitadas a apenas algumas situações e condições, como em auto-estradas. Por isso, o motorista ainda precisa estar atento e pronto para assumir o controle a qualquer momento.
Nível 3 – Carros que conseguem se adaptar a situações adversas (2018)
O nível 3 é onde as coisas começam a ficar interessantes. Neste ponto, os carros são capazes de acelerar, desacelerar e até mesmo ultrapassar os outros veículos sem qualquer intervenção humana. Para se enquadrar aqui, o sistema também precisa conseguir manobrar ao redor de incidentes ou de congestionamentos.
Como ainda não é completamente autônomo, o nível 3 precisa de um humano que possa assumir o controle
Aqui, o motorista pode relaxar mais um pouco e tirar as mãos do volante e os pés do pedal, mas só em certas situações. Como não é um sistema completamente autônomo, ainda é necessário que um humano esteja pronto para assumir o controle quando requisitado.
Um dos primeiros veículos com a tecnologia é o Audi A8 2018. Segundo a fabricante, o carro pode dirigir sozinho em velocidades de até 60 km/h, inclusive em horários de pico e com a capacidade de navegar em congestionamentos. Quando for preciso, o carro vai dar um tempo de 10 segundos para que o motorista assuma o controle.
Nem todos os especialistas concordam que este nível vale a pena, e até executivos de montadoras trazem suas restrições. A Volvo, por exemplo, vai pular completamente o estágio 3 de automação. “Se você estiver fazendo mais alguma coisa, pesquisas mostram que poderia levar dois minutos ou mais antes de voltar e assumir o controle. E isso é absolutamente impossível“, defende o CEO da Volvo, Hakan Samuelsson.
Nível 4 – Assista filmes ou trabalhe direto do seu carro (2021)
A partir do começo da próxima década, começará a se tornar mais comum o hábito de assistir a filmes ou até mesmo adiantar seu trabalho de dentro do carro. Isso porque, de acordo com a SAE, veículos de nível 4 poderão dirigir sozinhos com segurança — inclusive se o motorista não responder e não puder assumir o comando num curto espaço de tempo.
A partir de 2021, será comum assistir filmes ou adiantar o trabalho de dentro do carro
Estes carros ainda não poderão lidar com certos imprevistos, como estradas de terra ou ruas mais remotas que não tenham sido mapeadas. Nestas situações, o veículo só vai conseguir encostar ou estacionar sozinho num local seguro até que o motorista possa assumir.
De acordo com a fabricante de placas de vídeo Nvidia, o poder de processamento para atingir isso já existe hoje. Eles lançaram um chipset — peça que cuida de todo o processamento de dados — chamado Nvidia Drive Pegasus. Ela é capaz de rodar 30 trilhões de operações por segundo ao mesmo tempo em que ocupa um espaço compacto. Isso é fundamental, já que hoje veículos estão sendo testados com equipamentos que ocupam todo o espaço do porta-malas , algo inviável para modelos de produção em massa.
Nível 5 – Veículos autônomos direto de Hollywood (Por volta de 2025)
Quando estes carros forem lançados, a era de humanos dirigindo automóveis chegará ao fim — ao menos se você quiser, né? No nível 5, o carro consegue fazer tudo que um motorista humano é capaz, sem restrições. São os veículos verdadeiramente autônomos. Tal qual o Lexus 2054 de Minority Report, só que umas 3 décadas antes.
Os carros conseguem dirigir sozinhos em cidades, em estradas de terra, em locais que nunca sequer foram mapeados na história da humanidade. Hoje, já temos conceitos como o Audi Aicon, que muda radicalmente a maneira como se projeta o interior de um veículo. Não há volante nem pedais, com bastante espaço para as pernas dos passageiros e até para customizações na configuração do interior.
Bônus: tecnologias autônomas impulsionam drones e robôs
Os recursos de inteligência artificial não apenas vão ajudar os carros a navegar pelas cidades como também serão úteis para o futuro dos drones e até da robótica. Uma prova disso é o Skydio R1, quadcóptero que foi lançado com a promessa de ser capaz de navegar sozinho em ambientes complexos.
A startup está tão confiante neste produto que nem sequer inclui um controle com o drone, já que ele deve ser capaz de voar sozinho em quase qualquer situação. Para isso, ele utiliza suas 13 câmeras inclusas para fazer um mapeamento do ambiente em tempo real, planejar caminhos e evitar obstáculos.
Todo esse processamento é feito pela plataforma de computação Nvidia Jetson TX1, que é usada para esse propósito em muitos carros autônomos. Isto é obtido ao combinar as informações das câmeras com seus próprios algoritmos, que foram treinados para reconhecer humanos e diferenciá-los de árvores e carros, por exemplo.
Outra demonstração de aplicação prática da tecnologia é feita pela Boston Dynamics, apesar que de maneira mais limitada. A companhia é conhecida por publicar vídeos virais de robôs com 2 ou 4 pernas dando mortais para trás, apanhando e levantando e até mesmo abrindo portas (vídeo acima).
Cada um destes produtos possui capacidade autônoma para fazer cada uma dessas tarefas específicas. Só que, de acordo com o site Wired, eles precisam de ajuda de humanos e de controles remotos em ambientes bastante controlados para fazer isto.
os robôs ainda estão longe de serem capazes de navegar por ambientes densos e populosos
Por este motivo, os robôs ainda estão longe de serem capazes de navegar por ambientes densos e populosos como carros autônomos e drones fazem de maneira cada vez melhor.
“Eles estão pegando problemas que são muito difíceis até para humanos de lidar e então demonstram a capacidade dos robôs de resolvê-los. Isso não deveria ser generalizado para tudo. Nós entendemos como resolver problemas, mas isso não significa que entendemos a mente”.
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