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Ex-moderadores de pornografia infantil processam Microsoft por stress pós-traumático

Dois ex-funcionários da Microsoft que eram encarregados de moderar imagens criminosas de abuso infantil, bestialidade, assassinato e outros conteúdos brutais, estão processando a empresa por viverem hoje com transtorno de estresse pós-traumático. Henry Soto e Greg Blauert alegam que a empresa não ofereceu um acompanhamento psicológico que fosse suficiente para evitar o trauma de um trabalho tão impactante.

De acordo com a acusação, os ex-moderadores precisavam revisar “milhares de imagens de pornografia infantil, pornografia adulta e bestialidade que mostravam graficamente a violência e depravação de seus autores”. Um dos advogados responsáveis pelo caso afirmou ainda que:

É ruim o suficiente apenas ver uma criança ser molestada sexualmente. Depois há os assassinatos. Coisas indescritíveis são feitas para essas crianças.

A lei dos EUA manda que empresas na internet como a Microsoft revise conteúdo potencialmente criminoso para reportar às autoridades e ajudar a encontrar os autores das ações. Os algoritmos da empresa acusam as imagens e vídeos que podem conter esse tipo de situação, mas eles precisam passar pela revisão humana antes de serem denunciados.

Em sua defesa, a empresa afirma que discorda das acusações e diz que “a saúde e segurança de nossos funcionários que fazem esse difícil trabalho é uma das principais prioridades”. Ela destaca ainda que usa uma tecnologia que “reduz o realismo das imagens”, oferece suporte psicológico obrigatório, transfere empregados que não querem mais trabalhar na área e limita o tempo que eles passam fazendo a moderação.

Soto e Blauert, no entanto, argumentam que as medidas não são suficientes. Eles alegam que eram aconselhados a tirar pausas e jogar vídeo games para aliviar os sintomas, mas que Blauert chegou a receber uma avaliação ruim, dizendo que o ex-moderador não estava sendo produtivo e passava muito tempo jogando vídeo games. Ele sofreu um colapso mental em 2013 e hoje em dia, de acordo com a acusação, sofre de choros crônicos, insônia e ansiedade. Além disso se tornou incapaz de olhar qualquer conteúdo relacionado a crianças no computador.

Soto, por sua vez, também alegou sofrer com pesadelos, depressão, ataques de pânico e até alucinações, como se tivesse “uma tela na cabeça” mostrando as imagens.

Os ex-funcionários procuram não só o ressarcimento por danos, mas também pedem em seu processo que não só a Microsoft, mas empresas de tecnologias em geral façam um trabalho melhor para proteger as mentes de seus moderadores, como mais tempo de descanso, consultas psicológicas mais regulares e a extensão do programa de bem-estar para cônjuges.