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É um brigão mesmo!

Elon Musk acusa a Austrália de censura e premiê o chama de 'bilionário arrogante'

Em meio a controvérsias sobre vídeos de um ataque, Elon Musk enfrenta críticas do primeiro-ministro australiano, que o acusa de arrogância e desrespeito às leis

Elon Musk / Musk Austrália
Créditos: Justin Sullivan/Getty Images

O bilionário Elon Musk e o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, estão em rota de colisão após uma disputa acalorada sobre a remoção de vídeos de um ataque terrorista em Sydney da rede social X, de propriedade de Musk.

A controvérsia expôs as diferenças ideológicas entre os dois líderes e gerou debates acalorados sobre liberdade de expressão, responsabilidade das plataformas online e regulamentação da internet.

Vídeos do ataque terrorista causam controvérsia

Na semana passada, a comissão de segurança digital da Austrália ordenou a remoção de vídeos de um ataque a faca contra um clérigo cristão assírio e mais duas pessoas em uma igreja de Sydney. O ataque, transmitido ao vivo, foi classificado como um ato terrorista e o autor, um adolescente muçulmano de 16 anos, foi detido. Felizmente, não houve mortes.

Os vídeos do ataque se espalharam rapidamente pelas redes sociais. Plataformas como Facebook e Instagram, pertencentes à Meta, removeram os conteúdos prontamente após a ordem da comissária de segurança eletrônica australiana, Julie Inman Grant, sob a ameaça de multas. No entanto, a rede X apenas ocultou os vídeos para usuários na Austrália, permitindo que o conteúdo fosse acessível fora do país ou por australianos que utilizassem VPNs.

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Musk provoca autoridades da Austrália

Essa medida limitada foi considerada insuficiente pelas autoridades australianas, que exigiram a remoção completa dos vídeos da plataforma e entraram com um pedido de liminar na Justiça. Em resposta, Musk reagiu com ironia, “agradecendo” Albanese por “informar ao público” que o X era a “única plataforma confiável”.

Em seguida, o empresário publicou mensagens com tom provocativo e argumentou: “Nossa preocupação é que, se qualquer país tiver permissão para censurar conteúdo de todos os países, que é o que a ‘Comissária de Segurança Eletrônica’ australiana está exigindo, então o que impede qualquer país de controlar toda a Internet?”.

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Premiê retalia com críticas azedas

Nesta terça-feira, Albanese intensificou suas críticas contra Musk e a X durante uma entrevista à emissora pública australiana ABC. O premiê classificou Musk como um “sujeito que escolheu o ego e a demonstração de violência ao bom senso”. Ele argumentou que os australianos “vão balançar a cabeça” ao ver que um “bilionário está preparado para ir aos tribunais para lutar pelo direito de semear a divisão e mostrar vídeos violentos que são muito angustiantes”.

Albanese também criticou a postura arrogante de Musk, afirmando que o bilionário “acha que está acima da lei australiana, que está acima da decência básica”. Ele ressaltou que “outras empresas de mídia social obedeceram sem reclamar”, enquanto Musk se comporta como se estivesse “tentando dar lições aos australianos sobre liberdade de expressão a partir de suas organizações bilionárias”. O premiê concluiu: “Isso mostra o quanto esse sujeito é arrogante”.

Disputa gera debate aprofundado sobre liberdade de expressão e regulamentação da internet

A disputa entre Musk e o ministro da Austrália acendeu um debate acalorado sobre liberdade de expressão, responsabilidade das plataformas online e regulamentação da internet. Defensores da liberdade de expressão argumentam que a remoção dos vídeos viola o direito dos usuários de acessarem informações e que a decisão cabe a cada indivíduo, não ao governo.

Já aqueles que defendem a regulamentação argumentam que as plataformas online têm a responsabilidade de remover conteúdos que podem incitar o ódio ou a violência, especialmente em casos como este, que envolve um ato terrorista.

O caso também levanta questões sobre o papel dos governos na regulamentação da internet. A Austrália tem sido um dos países mais proativos na implementação de leis que visam combater o discurso de ódio e a desinformação online. No entanto, alguns críticos argumentam que essas leis podem ser usadas para censurar conteúdo legítimo e que os governos não devem ter o poder de controlar o que as pessoas podem ver online.

O futuro da disputa entre Musk e Albanese ainda é incerto. A Justiça australiana decidirá se a X deve remover completamente os vídeos do ataque da plataforma.

Fonte: Exame